Em busca de likes e sem laudo do IML, vereador Pablo troca os pés pelas mãos e confunde assadura com estupro de criança em Guarapuava
* Por Rogério Thomas
Um vídeo com tom sensacionalista publicado nas redes sociais do vereador guarapuavano Professor Pablo virou motivo de ampla repercussão negativa e indignação nas redes e nos bastidores da política local. Nele, o parlamentar — que já ocupou o cargo de secretário municipal de Educação — tenta denunciar um suposto caso de estupro, questionando o papel de instituições sérias como o Conselho Tutelar, a escola envolvida, e até mesmo os trâmites legais que protegem a criança e o sigilo dos envolvidos.
O conteúdo do vídeo, carregado de acusações implícitas, ironias e insinuações, foi interpretado por especialistas, conselheiros e profissionais da área da infância e juventude como um ataque raso, oportunista e desinformado ao sistema de proteção infantil, que atua muitas vezes nos bastidores, com discrição e profundo comprometimento.
O TIRO SAIU PELA CULATRA
Ao tentar surfar em um caso de alta sensibilidade, o vereador ignorou o básico: o cuidado com a vítima e o respeito pelo sigilo garantido por lei. Mais do que uma simples gafe política, o vídeo é visto como uma grave irresponsabilidade institucional, especialmente vindo de alguém que tem conhecimento técnico da área, por já ter chefiado a Secretaria de Educação.
No caso citado, assim que o Conselho Tutelar foi acionado, os procedimentos legais foram imediatamente iniciados: a mãe foi acompanhada até o hospital, um Boletim de Ocorrência foi registrado, e a criança passou por exame pericial no Instituto Médico Legal (IML).
Durante o atendimento, foi informada a família e os profissionais que acompanhavam, que não se tratava de um caso de abuso sexual, como foi indevidamente sugerido na publicação, tratava-se apenas de uma assadura dermatológica. Tanto que não houve medida protetiva e afastamento da criança dos seus pais. Ainda, por se tratar de um menor de idade, não serão divulgados outros detalhes, em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que proíbem expressamente a exposição de informações pessoais de crianças e adolescentes.
POLÍTICA DO LIKE: QUANDO O CAOS VIROU PALANQUE
Em tempos de redes sociais e likes fáceis, a prática de transformar tragédias reais em palanque político vem se tornando um fenômeno perigoso, que banaliza a dor alheia e enfraquece a confiança da população em instituições sérias. No vídeo, Pablo lança dúvidas sobre o sistema, mas não apresenta provas, laudos ou sequer confirma o envolvimento direto da família com a denúncia.
Mais grave: expõe, ainda que de forma indireta, dados sensíveis sobre uma criança e sua família — um erro que pode causar danos psicológicos irreparáveis, além de colocar em risco a segurança de todos os envolvidos.
CONSEQUÊNCIAS LEGAIS PODEM VIR AÍ
Juristas e representantes de conselhos de direitos da criança e do adolescente alertam que a conduta do vereador pode, sim, configurar crime de exposição indevida de menor e quebra de sigilo legal. Entidades devem solicitar apuração do caso ao Ministério Público, e o vereador pode enfrentar sanções legais e políticas, inclusive no Conselho de Ética da Câmara Municipal.
“Quem realmente protege crianças, o faz com sigilo, responsabilidade e técnica. Não com vídeos e curtidas”, resume um especialista em políticas públicas da infância.
O SILÊNCIO QUE PROTEGE, O SENSACIONALISMO QUE FERE
A proteção de crianças e adolescentes exige discrição, conhecimento técnico e compromisso. Os verdadeiros heróis do sistema de proteção não precisam de câmeras nem likes: eles agem nos bastidores, muitas vezes sob pressão e com poucos recursos, mas com dedicação absoluta.
Professor Pablo, ao escolher o caminho da exposição midiática, pode ter cruzado a linha da legalidade e da ética. Se aguardam agora explicações — ou talvez pedidos de desculpas. Mas para muitos, o dano já foi feito.
#ProteçãoInfantilJá #ConselhoTutelarRespeito #NãoAoSensacionalismo #CriançaÉPrioridade #PolíticaComResponsabilidade

Rogério Thomas
Formado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) em Comunicação Social - Bacharelado em Jornalismo. Já correu esse mundão de Deus, mas ainda não viu de tudo.Deixe seu comentário:
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