O Tempo das crianças e a pressa dos adultos
* Por Fran Rocha
* Por Fran Rocha
Vivemos em uma sociedade que idolatra a velocidade. Tudo precisa ser resolvido “pra ontem”: mensagens respondidas em segundos, metas batidas antes do prazo, produtividade como sinônimo de valor pessoal. Nesse cenário de urgências, esquecemos — ou ignoramos — que a infância opera em outro compasso: mais lento, mais curioso, mais presente.
A intolerância dos adultos com o tempo das crianças é um sintoma claro desse desequilíbrio. Um exemplo cotidiano: uma criança que para para observar uma formiga no caminho da escola logo é apressada com um “anda logo, a gente tá atrasado! O adulto, imerso nas exigências de um mundo que cobra performance constante, não percebe que naquele momento a criança não está “perdendo tempo”, mas aprendendo — sobre vida, movimento, natureza.
Esquecemos que a infância é feita de processos, não de entregas. Que aprender a amarrar o tênis pode levar dias, que entender uma frustração exige tempo, que cada pergunta repetida é uma tentativa de reorganizar o mundo dentro da cabecinha ainda em construção.
A psicopedagoga e mestre em Educação Maria Tereza Maldonado afirma que “quando os adultos aceleram os processos das crianças, há um risco real de romper etapas fundamentais para o desenvolvimento emocional e cognitivo. Cada criança tem seu ritmo — e respeitar isso é essencial para formar indivíduos mais seguros e saudáveis.”
A pressão do mundo adulto por rapidez, produtividade e eficiência molda comportamentos impacientes, que se estendem também às relações com os filhos, alunos, sobrinhos. Isso se torna perigoso quando começamos a tratar o desenvolvimento infantil como uma sequência de metas a serem cumpridas, em vez de uma trajetória a ser vivida.
Dia desses, estava com meu filho em um evento voltado para o público infantil, porém no qual os pais poderiam observar de perto as atividades. Entretanto, um fato me chamou a atenção quando percebi que alguns pais, talvez na tentativa de ajudar ou então de “acelerar o processo”, auxiliavam ou davam as respostas prontas para as crianças. Achei interessante notar que, apesar da boa vontade de ajudar, aquele momento era das crianças, as descobertas deveriam ser delas e não de receber tudo pronto. Pensar, refletir e analisar são processos que na cabecinha das crianças não ocorre na mesma velocidade de um adulto, o qual já vivenciou as mais diversas experiências e possui um amplo repertório, pelo contrário, a construção de si mesma e das suas vivências constitui parte importante do pensar infantil.
Respeitar o tempo da criança é, mais do que um ato de empatia, um gesto de resistência contra a lógica da pressa. É permitir que ela explore, erre, tente de novo. É oferecer o direito de crescer sem ser cobrada como se já fosse adulta.
Talvez seja hora de reaprender com as crianças: parar para olhar a formiga, fazer perguntas ingênuas, demorar no que é essencial. Porque, no fim, o que está em jogo não é apenas o tempo delas — é também a qualidade do nosso.
Fran Rocha
A vida muda todos os dias, e nós temos que mudar com ela. Ser quatro em um já faz parte das nossas vidas e o segredo é sermos felizes e aprender muito com os ensinamentos da vida. Você vai se identificar, em algum momento, com o que tenho para contarDeixe seu comentário:
Veja Mais
-
UTILIDADE PÚBLICASanepar alerta que pode faltar água em Guarapuava nesta terça (28): VEJA O LOCAL!
A previsão é de normalização no abastecimento no período da noite, de forma gradativa
26/10/2025 17h00 -
EM ALTAInventário digital cresce 51% em Cartórios no Paraná e retira mais de 136 mil de processos da Justiça
Agilidade do procedimento online auxilia famílias na divisão de bens herdados às vésperas da discussão sobre aumento de impostos na Reforma Tributária
26/10/2025 16h10 -
ESCLARECIMENTOAnvisa esclarece: plásticos não estão autorizados como componentes de alimentos
Ingredientes para decorar e colorir devem seguir regras de alimentos e de aditivos autorizados
26/10/2025 15h23 -
DESTAQUERepresentante de Guarapuava assume cargo de liderança no Polo UAB do Paraná
Scheyla Tatiana Franke Ueno representa Guarapuava e o Paraná no fortalecimento da rede UAB
26/10/2025 14h50 -
EM ALTAParaná cresce três vezes acima da média nacional em agosto, aponta Banco Central
Essa taxa, ajustada sazonalmente, é a maior entre os 13 estados pesquisados pelo Banco Central no Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR)
26/10/2025 14h10 -
OLHO NA DATAInscrições para PSS de professores da Unicentro encerram nesta terça (28): SALÁRIOS CHEGAM A R$ 10,6 mil!
Veja na matéria como se inscrever
26/10/2025 13h23



