Parceria interdisciplinar da Unicentro usa tecnologia para criar modelo didático de coração de cachorro
Um modelo didático de ausculta cardíaca poderia substituir o uso de animais vivos nas aulas práticas da graduação

Uma colaboração entre os cursos de Big Data no Agronegócio e Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) está dando forma a um novo aliado no ensino veterinário: um modelo didático capaz de reproduzir sons cardíacos de cachorros. O projeto nasceu de uma demanda de estudantes e docentes da Veterinária durante as atividades do curso.
“Quando os alunos aprendem a fazer o exame físico, eles costumam trazer os cachorros deles, que normalmente não tem nenhum problema, então eles comentavam que nunca tinham ouvido um sopro e que não sabiam bem como eram as alterações cardíacas”, contextualiza a professora Meire Christina Seki, do Departamento de Medicina Veterinária (Devet) da Unicentro.
Conforme a docente, um modelo didático de ausculta cardíaca poderia substituir o uso de animais vivos nas aulas práticas da graduação. “Nos últimos anos, está diminuindo o uso de animais em aula devido às novas diretrizes do comitê de ética: eles pedem para não utilizar o animal porque pode causar estresse para o bicho”, explica Meire.
O desenvolvimento de um método alternativo para o aprendizado do exame veterinário começou há cerca de um ano, quando a professora Meire e a colega Luciana Dalazen dos Santos procuraram o Departamento de Ciência da Computação (Decomp) para ajudá-las na concretização da ideia.
Foi o curso técnico em Big Data no Agronegócio que “deu vida” ao cãozinho. A formação busca capacitar profissionais para aplicar melhoramentos tecnológicos no meio rural, especialmente em necessidades da Agronomia e da Veterinária.
“Receber essa demanda foi motivante e desafiador. Ela envolve conceitos que os alunos de Big Data trabalham desde o primeiro semestre, portanto há o ganho de experiência na resolução de um problema real por meio de técnicas estudadas e aplicadas no curso”, comenta a professora Carolina Paula de Almeida, coordenadora do curso e da equipe de estudantes que construiu a nova tecnologia.
O sistema que imita um coração de cachorro será inserido em um cachorro de pelúcia e interligado com um aplicativo que controla o disparo dos sons cardíacos (Foto: Coorc).
A criação do modelo didático para auscultação cardíaca de cães envolveu várias etapas. “O desenvolvimento começou com o levantamento das ferramentas e equipamentos necessários. A partir daí, mergulhamos na parte prática, iniciando pela montagem física do protótipo e testando os sensores para simular a ausculta cardíaca”, descreve Deysianne Souza, uma das estudantes de Big Data no Agronegócio que participou do projeto.
“No momento o sistema embarcado está funcional e estamos desenvolvendo um aplicativo para rodar em dispositivo móvel”, situa a professora Carolina. Esse software vai controlar a ausculta, ativando os sons cardíacos que as professoras do Devet disponibilizaram para a equipe do Decomp. “Como próximos passos temos a interligação do aplicativo com o sistema, bem como a soldagem e a inclusão dele dentro de um cachorro de pelúcia”, complementa Carolina.
Aprimoramento do ensino e da extensão
Para a aluna Deysianne, do tecnólogo em Big Data, a experiência de criar o modelo didático de ausculta cardíaca tem sido transformadora. “Trabalhar com sensores e com desenvolvimento de software me mostrou como a tecnologia pode ser adaptada para resolver problemas reais no agronegócio e na saúde animal. Esses aprendizados me deram uma base sólida para entender como será minha atuação profissional no futuro”, relaciona.
Já na Medicina Veterinária, a discente Flávia Rossa destaca o impacto que a inovação trará para o curso. “Será uma ótima adesão nas aulas, considerando que os alunos terão um boneco para testar antes de ir para a prática”, afirma.
Parceria entre a Medicina Veterinária e o Big Data no Agronegócio pode inspirar, ainda, a criação de modelos didáticos para outras animais e órgãos (Foto: Coorc).
Segundo a professora Meire, o novo instrumento didático vai aperfeiçoar o aprendizado dos estudantes de Veterinária. “O aluno vai aprender onde são os pontos anatômicos para colocar o estetoscópio e ouvir aquele som. Então, a professora vai ativar o som no aplicativo e pode perguntar ao estudante se o som é normal ou alterado”, detalha a docente.
O protótipo deve ser finalizado até o final de 2025, e a expectativa é que, no segundo semestre de 2026, já esteja disponível para uso em aulas e feiras de profissões. “No quesito extensão, vai ser um bom modelo para a gente levar para o público e mostrar como a Medicina Veterinária e o Big Data estão evoluindo juntos. Também mostra como a Unicentro está trabalhando para que as nossas profissões fiquem cada vez melhores”, opina a estudante Flávia.
A ideia é que o coração de cachorro sirva como um piloto para que outros modelos didáticos possam ser desenvolvidos no futuro. “Depois, conforme a demanda e os recursos disponíveis, poderemos pensar modelos para outras espécies e para outros órgãos, como o sistema digestório de cavalos”, vislumbra a professora Meire.
(Por Amanda Pieta)
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