Tradicional Festa do Soquete será realizada neste sábado (23) em Guarapuava
Cinco entidades serão beneficiadas com os recursos arrecadados
A tradicional Festa do Soquete será realizada neste sábado (23 de outubro) em Guarapuava. Respeitando e seguindo todas as determinações de prevenção ao coronavírus, o evento será em forma de drive-thru, com os pratos sendo entregues diretamente a quem adquiriu os bilhetes dentro dos carros. "O drive-thru foi organizado para entregas das marmitas de, no mínimo, nove veículos ao mesmo tempo, com muita agilidade", afirma Eduardo Christ, integrante da Comissão Organizadora do evento.
Os pratos serão entregues a partir das 11h30, no Centro de Eventos da Cidade dos Lagos.
Cada kit é composto por:
- 3 marmitas, sendo 600 gramas de soquete de carneiro, 400 gramas de arroz, 200 gramas de paçoca de pinhão;
-1 prato com o slogan da festa deste ano;
- 1 revista com os patrocinadores do evento.
O valor de cada bilhete é de R$ 100,00 e podem ser adquiridos nesta sexta (04) nas entidades que serão beneficiadas, APADEVI; ACPAC (42) 3035-3921; AEPAPA (42) 3304-5458); ALBERGUE NOTURNO OZANAM; e RENASCER (42) 3623-9931).
O QUE É A FESTA DO SOQUETE?
Este ano, a Festa do Soquete chega à sua 22ª Edição. Além de projetar a cidade de Guarapuava no cenário turístico regional e nacional e propiciar mais uma alternativa da gastronomia regional, a festa é realizada pelas Lojas Maçônicas de Guarapuava (Philantropia Guarapuavana, Acácia do Terceiro Planalto, Saint Germain, Universitária Philantropia Guarapuavana, Cavaleiros da Acácia e Guardiões do Fortim Atalaia) com a única finalidade de angariar fundos para auxilio na manutenção de cinco entidades com pressupostos teórico/práticos de construção de direitos sociais voltados à saúde e educação públicas.
O PRATO DA FESTA
O soquete e paçoca de pinhão são dois pratos regionais que registram a memória culinária de nossos avós luso-brasileiros, que trouxeram para os campos guarapuavanos além dos sonhos, a tradição e os segredos da cozinha do homem do meio rural.
O “soquete” é um apetitoso prato feito com carne do “espinhaço” ou coluna vertebral de carneiro, temperada na véspera com vinho, sal e outros condimentos que queira acrescentar. Faz-se um molho com tomate, cebola, cheiros verdes ao qual se junta mandioca e batata inglesa... Para saboreá-lo acrescenta-se, já no prato, farinha de mandioca, originando-se ai a denominação “soquete”. No sul, “soquete” é designativo de “carne com ossos, cozida e servida com pirão”. Nas fazendas guarapuavanas, geralmente era o aproveitamento da carne mais rija a menos nobre dos carneiros capões, mais velhos, cuja pele com lã era utilizada para o feitio de pelegos, indispensáveis nas montarias e camas dos tropeiros em suas longas caminhadas. Igualmente, era sobre o pelego que dormiam os escravos e peões, ao pé do fogo, nas frias noites de inverno. O termo foi incorporado ao vocabulário da região, após sua integração ao tropeirismo.
Guarapuava possui condições ideais para a criação de carneiros: clima temperado frio, regulado pela altitude da região; campos cobertos com gramíneas finas, leves ondulações e capões de mato, cuja sombra serve de abrigo nas horas mais quentes do dia. A carne de ovelha, bem como a bovina e suína são produzidas no município, desde o inicio do povoamento em 1810, pois a pecuária foi a principal atividade econômica no século XIX, e até a metade do século XX. A “Memória sobre o descobrimento e colônia de Guarapuava”, escrita pelo padre Francisco das Chagas Lima, 1° Capelão da Expedição que aqui chegou em 1810, em seu capítulo IV registra: “Os actuaes habitantes ocupam-se atualmente mais com a criação de gado vaccum, cavallar e lanigero, para os quaes se acham bastante pastagens próprias, tendo-se para aqui conduzido bastante crias”.
A Lista de Habitantes de Guarapuava elaborada em 1835, pelos inspetores de Quarteirão, registra também a produção de “porcos” em pequena escala. O Balancete da Câmara Municipal, datado de 1858, e o Relatório do Presidente da Província do Paraná, de 1859, nos dão conta da produção local, onde aparecem o gado de criar e o gado de exportação. Eram criados: “vaccum, cavallar, ovelhum e jumento”. Como produto de exportação são citados: “vaccum, cavallar, muar, couros, crina, erva-mate e queijo”. Verifica-se assim que os ovinos, chamados de “ovelhum” ou “lanígeros” e os suínos eram usados somente na subsistência ou consumo local (produção de carne, pelegos, lãs, o sebo usado na fabricação artesanal de velas e sabão) enquanto que os bovinos eram exportados. O muar, trazido das regiões riograndenses ou platinas era aqui invernado e posteriormente, exportados.
O segundo prato do cardápio, a “paçoca de pinhão”, também faz parte da culinária tradicional, é preparado com carne bovina e de porco, à qual se junta pinhão cozido. Nos primeiros tempos esses três ingredientes eram picados à facão, bem miudinho, com o uso da máquina, passaram a ser moídos. O uso deste prato é explicado pela abundância de pinhão e pela produção de carne bovina e de porco desde o inicio da colonização da região.
Nos fins do século XIX e inicio do século XX, a crise econômica que atingiu os negócios de “invernagem” de gado provocou a desagregação do sistema tradicional campeiro. Foi a criação de suínos nas roças de “coivara”, tocados a pé em grandes mandas até o entroncamento ferroviário de Ponta Grossa, um dos fatores que ocorreu para a reabilitação da econômica regional.
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