Do qual tigre você quer fugir?
* Por Marcos Sidnei Skorupski
* Por Marcos Sidnei Skorupski
Já li em diversos lugares que o nosso cérebro, em termos de evolução, não apresentou grandes diferenças se comparado ao cérebro de um homem das cavernas, por exemplo. Vamos para o assunto: imagine-se há milhares de anos. Você está caminhando tranquilamente por uma floresta, colhendo algumas frutas. De repente, os galhos de uma árvore próxima a você começam a mexer. Você paralisa. De trás da árvore, salta um tigre gigante. Você tem basicamente duas opções: enfrentar o tigre ou fugir. Agora, vamos saltar algumas centenas de décadas para frente. Hoje em dia, nós não precisamos lidar com desafios assim, tão imediatos, que nos cobrem uma decisão rápida em nível de vida ou morte. Mas os tigres continuam aí, disfarçados e sorrateiros.
Assisti a um vídeo que tratava sobre psicologia e ansiedade, e uma das falas era voltada para este assunto, que abordei acima. A ansiedade como a percepção de que algo precisa mudar.
Talvez o tigre que nos paralisa seja um relacionamento frustrado, o qual temos muita dificuldade em colocar um ponto final. Talvez seja um trabalho que não nos encanta e que não nos permite colocar as nossas habilidades em prática. Talvez o tigre seja a vontade de fazer algo diferente que você sufoca dentro de si mesmo.
Hoje em dia, os tigres das nossas vidas aprenderam a se disfarçar tão bem, que ficam nos espreitando por anos e muitas vezes não percebemos que estão ali e que precisam ser enfrentados.
Nós adiamos coisas por medo do tigre. Afinal, ainda damos conta de nos esconder do nosso gatinho. Mas ele está aí. E de vez em quando, nos medicamos, nos envolvemos em atividades que proporcionem uma pequena parcela de entretenimento e nos façam esquecer dos problemas, e conseguimos dispersar o tigre por um momento. Mas ele retorna. Quase sempre!
Todos conhecem diferentes tigres ao longo da vida. Tigres pequenos, tigres grandes, tigres que aparecem para transformar a nossa vida em um verdadeiro caos. E algo nos diz para deixar pra lá, afinal, não está tão ruim, o tigre está nos observando há tanto tempo, que não é motivo para se preocupar. Mas ele está ali. E a ansiedade, a tristeza, o desânimo, diversas vezes, estão ali por conta do tigre. Eu posso despistá-lo, correr, buscar um esconderijo... Mas ele vai me encontrar, cedo ou tarde.
Precisamos, de vez em quando, ouvir a voz em nossas cabeças que nos diz para enfrentar o tigre, olho no olho. Precisamos ouvir a voz que nos diz que somos maiores do que o tigre e que vamos conseguir. Quem disser que é fácil, estará mentindo. Mas não devemos viver ao lado de um tigre que está lá, o tempo todo, nos amedrontando, e fingimos não ver. Talvez, tudo o que o tigre espera para ir embora de uma vez por todas, seja uma escolha.
25 de Abril de 2024.
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